terça-feira, 11 de novembro de 2008

Love is in the Air

Fui ao banheiro.
É, fui ao banheiro. Estávamos almoçando, meu pai e eu, no shopping. Resolvi ir ao banheiro. Levantei-me e fui.
Coisa corriqueira, cotidiana, normal, 'ir ao banheiro'.
Ao entrar na cabine (é cabine ?), percebi que todas as paredes estavam riscadas. Riscadas não, escritas. Todas elas, sem exceção. Acharia normal, se não estivesse em um banheiro de shopping. Normalmente esses banheiros de shopping são tão bonitinhos, arrumadinhos e cheirosinhos. Não que este banheiro fosse diferente, sendo a minha cabine (é, deve ser cabine) a única que estava naquele estado. Mas é de se estranhar que, em meio há tanta limpeza e aromas do campo, se encontrasse paredes tão rabiscadas e feias como aquelas.
Decidi então, já que estava ali mesmo, começar a ler o que estava escrito naquelas paredes. É o que chamam de 'intervenção urbana', certo? O pessoal sai por aí riscando e pintando as grandes cidades, sempre deixando uma mensagem interessante. Coisa de século XXI. Me sentia um neo-cult, lendo aquelas paredes.
Imagine você, caro leitor, que entre "FORA FOGASSA!" - sim, com dois ésses - "LULA MENSALEIRO!", "IEDA LADRÃ!" (ladrã, inclusive, faz muito mais sentido, se tu for parar para analizar) e outras manifestações de cunho político - isso sem falar de todos aqueles desenhos de genitálias enormes, com telefones, endereços e preferências sexuais que, por algum motivo, estão sempre presentes em banheiros masculinos -, estavam os dizeres de um rapaz (considerando-se o fator local, era óbvio que se tratava de um rapaz).
Um rapaz que não aparentava tamanha revolta para com os seus governantes. Um rapaz diferente destes que nós vemos pelas ruas. Um rapaz que não se preocupa em sair por aí escrevendo 'MORENO ALTO PROCURA URSINHOS DO BOURBON PARA FAZER AMOR', não!
Estamos falando de um rapaz sensível. Um rapaz, acima de tudo, romântico.
TAINARA Y GREGORY
- o amor está no ar -
amor sincero e eterno
te amo Narinha!
Aí está!
Aí está ápice do romantismo!
Aí está o retrato perfeito de como um sentimento sincero pode levar um homem à cometer loucuras!
A mostra, gravada na parede, de como pulsam os corações joviais neste século!
A declaração do corajoso garoto Gregory que, sem temer represálias ou a segurança do shopping center e dotado de determinação e uma caneta pilot vermelha, se sentiu na obrigação de mostrar para o mundo - ou, pelo menos, para um seleto grupo de homens em um momento onde todos são iguais - o quanto é belo o amor que ele sente por sua adorada Tainara, a Narinha.
Ah leitor, aquilo tocou fundo no meu coração.
Em meio à esta loucura que é o dia-a-dia na cidade, com o país do jeito que está, ainda há abnegados jovens que não sentem vergonha alguma de expor os seus verdadeiros sentimentos em demonstrações públicas de afeto.
Bem aventurados aqueles que, como o Gregory, sentem-se livres e seguros para se abrir assim, sem medo de serem felizes.
Por um momento, me senti um legítimo coração-de-pedra por saber que não teria a capacidade de dar à minha amada uma demonstração de carinho à altura daquela que estava ali, à minha frente, logo acima da maçaneta da porta.
Fiquei parado, encarando os dizeres em vermelho que à esta altura já gozavam de minha total atenção enquanto parava para tentar estabelecer alguma relação entre aquele "o amor está no ar" e o local onde tais palavras estavam escritas.
Não consegui estabelecer relação alguma.
Vai ver eu não entendo mesmo o que é amar, ou demonstrar tal sentimento.
Vai ver eu tenho muito a aprender com o Gregory.
Vai ver não entendo nada sobre o que é ser romântico de fato.
Vai ver...
Vai ver nada!
Não gosto de ficar por baixo na situação...
Se eu não entendo nada, o Gregory entende menos!
A tal da Tainara - a menos que seja codinome de algum 'ursinho do bourbon' - NUNCA vai ler aquilo mesmo... (6)
Notinha: Atualizações diárias tá? Só de raiva. "Porque todo dia tem algo que merece ser escrito" ;)

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Ídolos, clichês, modinha

Sabe cara, em meio à esses álbuns do orkut, eu me sinto meio sozinho.
Todo mundo agora resolveu fazer a mesma coisa e consegue lotar seus álbuns com isso...
Adoro quando aparecem essas modinhas no orkut, o pessoal todo, do nada, começa a fazer as memas mudanças no seu perfil. Eu não.

Será que eu sou tão diferente assim?

O fato é que eu não tenho ídolos.
Acho que nunca tive, sabe.
Essa coisa louca, de supostamente morrer de amores por uma pessoa que tu nunca viu cara-a-cara, de fato.

Ou viu, não importa.


Tipo aquelas fãs histéricas que lotam shows de boybands modinha, sabe?

("boybands modinha", nos dias de hoje, não são mais como Backstreet Boys, N'Sync... tá mais puxado pra Nx-Zero, Fresno, essas coisas aí)

Os caras que sabem de cor todas as letras daquela banda de metal que tem mais de 20 anos!
O malandro que conhece toda a trajetória do jogador aquele, daquele time, que fez sei eu quantos gols.
Os nerds malucos que viram e reviram todos os episódios daquele seriado megafamoso.
Ou ainda a guria que tem todos (eu disse todos) os recortes de jornal com notícias sobre o Daniel e vendeu o seu rádio para poder ir no Show do cara.

Não sei ser assim.

Vai ver o problema está comigo mesmo.
O pessoal todo tem seus ídolos, cria seus álbuns, escuta as suas músicas, vê os seus filmes, seriados, super feliz, praticamente um vício alternativo, essa coisa de ser fã, de fato.

Duvido muito que um dia tu vejas um álbum do meu orkut com o título "Ídolos", como o pessoal gostou de fazer agora. Eu não teria fotos para colocar ali. Não consigo ter tal admiração louca por ninguém em especial, nem que eu me esforce para pensar em alguma banda, cantor, jogador ou série de TV.

Por algum tempo me enganei com o Justin.

Amigo 1: Hey, eu gosto dos Beattles!
Amigo 2: Eu, eu gosto do Raul Seixas, o cara era meeestre!
Amigo 3: Bá, bom mesmo só Red Hot hein, os caras são f*da.
Marcelo: Justin cara, Justin é lindo!

Era uma saída para não me sentir sozinho nessas rodinhas de conversa de fãs, pelo menos.
Não que eu não goste do Justin, muito pelo contrário, de fato curto as músicas dele.
Mas o meu apreço pelo Sr. Timberlake está anos-luz de ser o que o pessoal parece sentir pelos seus ídolos.

Não choro em show, não baixo todas as músicas nem leio todas as notícias sobre ninguém. Esse conceito de ídolo está longe de ser algo que eu use na minha vida.

Sei lá, queria ter um ídolo mór sabe, ou alguma coisa com a qual eu me identificasse, verdadeiramente.
Tipo para quando os meus amigos vissem o cara (meu ídolo) na TV, imediatamente pensassem em mim: "Bá, será que o Marcelo tá vendo isso? Ele ia adorar!"

Falta eu me identificar com o dito cujo, conseguir mostrar pro mundo o quando eu realmente gosto do trabalho dele, sei eu.

Ou vai ver falta é alguém que realmente me chame a atenção para que eu chegue a tal ponto.
Ou ainda, quem sabe, é o meu conceito de ídolo esteja errado.

De um jeito ou de outro, ainda me sinto sozinho em meio à esses novos álbuns do orkut.
Na pior das hipóteses, não entro nessa coisa de modinha. :)
Se bem que é meio poser isso né? Fazer questão de dizer que não entra em modinhas...

Ah, deixemos os posers para o próximo post, por hora seguirei a minha busca à um ídolo.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Livro sem nome, Capítulo III, texto 1

[...]

"E, ainda que insegura e tímida, acabou se rendendo em dois beijos curtos, ali mesmo, naquele táxi. Eu, que nunca tivera experimentado tamanho bem-estar, tamanha sensação de meta atingida, tão logo coloquei meus pés para fora do carro comecei a vibrar, a rir sozinho.
Olhava em volta, me via naquela situação e ria mais ainda. Ria da minha própria euforia, ria do meu próprio estado-de-espírito que estava em algum lugar entre a alegria dos vencedores e a felicidade quase idiota dos apaixonados.
Sorri e vibrei como nunca. Aqueles dois beijos, mesmo que inseguros e tímidos como nós dois naquele momento, se tornaram uma espécie de divisor de águas na minha vida, me preparando para todas as coisas lindas, ímpares e até mesmo mágicas que viriam depois."

[...]


Nota do escritor: Por que diabos eu escrevo como uma bixa quando o tema é ela? Tipo foge total do meu estilo, não acha? Coisa maluca.